Teorias da Educação: Paulo Freire — Educação Bancária e Educação Libertadora.

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Paulo Freire, em seu livro Pedagogia do Oprimido, cunhou os termos educação bancária e educação libertadora. O autor fez isso com o intuito de contrapor duas diferentes formas de enxergar os estudantes, optando pela última.

Mas o que significam tais termos? O que dizem sobre a forma de educar em nosso país?

Responderemos neste conteúdo algumas dessas perguntas.

O que é educação bancária?

Diferente do que pode parecer, o termo não se refere ao ensino de pessoas que trabalham em bancos. O termo bancária, nesse sentido, se refere ao ato de depositar materiais (no caso, o conhecimento) em recipientes.

Segundo Paulo Freire, a educação bancária é “um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador, o depositante”. 

Portanto, podemos dizer que a educação bancária privilegia a transmissão de conhecimento, sem se preocupar com a retenção deste. 

É como despejar água em um balde sem se preocupar com as condições dele: será que está furado? Será que está limpo? É adequado para colocar água? Ou para o armazenamento e transporte do produto para outro local?

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Para entender melhor, podemos enxergar os exemplos:

O que caracteriza a educação bancária, como vimos, é o ato de depositar conhecimento em um aluno, como se ele fosse um mero receptáculo.

É assim quando os professores utilizam o método da “decoreba”: apenas mandam os alunos copiarem o que está no quadro e decorar para a prova. Trata-se não apenas de um método de ensino, mas de uma forma de enxergar os alunos.

Foi a partir dessa problematização do ensino tradicional, Paulo Freire propôs uma “educação libertadora”.

O que é educação libertadora ou problematizadora?

imagem ilustrativa de um professor ensinando ciências para crianças em um laboratório.

A educação libertadora, ou problematizadora, é um método de ensino dialógico, em que os aprendizados são assimilados pelo aluno por meio do diálogo com outros conhecimentos e com questionamentos diversos.

Ou seja, o aluno participa de maneira ativa do processo, sem se permitir ser apenas um recipiente de conhecimentos.

Como isso se manifesta na prática?

Note que uma coisa é decorar a data da abolição da escravatura para responder certo na prova, outra coisa é refletir sobre as razões da abolição da escravatura e seus impactos nos dias de hoje.

De onde partiu o movimento? Quais foram seus impactos? Quem foi a favor e quem foi contra? O que isso diz sobre o que ocorreu?

Quando o aluno faz tais questionamentos, ele está se tornando parte ativa do processo educacional. E é papel do professor fazer com que o ensino seja dessa forma, suscitando perguntas e incentivando os alunos a pensarem por perspectivas diferentes, sem se contentar com visões pré-moldadas do mundo.

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Quando surgiram esses dois termos?

Os termos foram cunhados por Paulo Freire em 1968, em seu livro de maior renome, Pedagogia do Oprimido. Essa obra figura em listas como o terceiro texto mais citado em trabalhos de Ciências Humanas ao redor do mundo.

Com relação à expressão educação bancária e à expressão educação libertadora, podemos dizer que, apesar de as nomenclaturas serem “recentes”, elas nomeiam práticas antigas.

A origem desses termos como métodos de ensino:

Os termos educação bancária e educação libertadora servem apenas para nomear formas de ensino que existem há séculos, mesmo que de forma incipiente.

Ao falar da educação bancária, podemos rastrear a origem nas igrejas medievais, onde o conhecimento era transmitido dessa forma, que foi gradualmente contestada. 

Por outro lado, quando falamos da educação libertadora, é difícil não pensar que as crianças já nascem com esse instinto dialógico: elas sempre perguntam o porquê. Ao receberem uma explicação, perguntam mais uma vez. E os bons pais sabem, de maneira intuitiva, como fazer os filhos chegarem a conclusões lógicas por si sós.

Esses termos, explicados desta forma, são simples e em nossa série de artigos a respeito de metodologias ativas fica claro qual é o tipo de educação que defendemos.

No entanto, é importante salientar que a educação é complexa e não pode ser reduzida a uma dicotomia.

O que você pensa a respeito do assunto? Concorda com o método de ensino proposto pelo autor, da educação libertadora? Deixe nos comentários!

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