Quantas vezes você já ouviu a palavra “empreendedorismo”? Apesar de ser um termo muito utilizado, são poucos os que pensam na atitude de empreender para além das frases de efeito.
Em 2021, houve um recorde de abertura de empresas no Brasil. No entanto, ainda são poucos os que dominam as competências necessárias para gerir um negócio ou a própria carreira, sendo que muitos o fazem por necessidade.
Neste artigo, falaremos sobre como a educação empreendedora está presente nas universidades e qual é o impacto desse movimento para o Ensino Superior. Da mesma forma, abordaremos as características principais de um empreendedor e como elas serão úteis aos novos formandos.
Mas, antes de tudo, precisamos responder uma pergunta importante:
O que é Empreendedorismo?
Podemos dizer que, no sentido que usamos aqui, empreendedorismo é capacidade de pensar de forma crítica, entender problemas, criar soluções e executá-las do início ao fim. Ou seja, empreender é erguer um projeto e transformá-lo em realidade.
A Base Nacional Curricular Comum (BNCC) incentiva as práticas empreendedoras, dando sugestões e um conhecimento relevante sobre o tema. De acordo com seu material, “o empreendedorismo é mais que tudo uma postura e um espírito que permitem ao empreendedor encarar problemas como oportunidades e cultivar, acima de tudo, a capacidade de estar atento e de tomar decisões”.
Outro conceito importante para o empreendedorismo é o risco. Toda atividade empreendedora envolve um risco principal: desperdiçar recursos e energia nas direções erradas. Por isso exige que qualquer profissional domine algumas competências básicas, que veremos à frente.
Leia mais: Pensamento Computacional no Ensino Superior: uma nova lógica para resolver problemas.
Sendo assim, o artigo da BNCC elenca três diferentes tipos de empreendedorismo: o clássico, o social e o serviço social. Entendê-los é importante para saber qual direção seguir.
Empreendedorismo clássico
No empreendedorismo clássico, há uma ênfase no lucro. O objetivo de empreender, nesse caso, é oferecer produtos e serviços ao mercado de forma que haja lucro para todos os envolvidos.
Isso não significa que o empreendedor precise ser ganancioso e inescrupuloso. Pode haver — e é importante que haja — valores e princípios envolvidos nessa prática. Mas, em primeira e última instância, o objetivo é lucrar.
Empreendedorismo social
O empreendedorismo social tem como objetivo a melhoria da sociedade. Nessa modalidade pode haver lucro, mas não é esse o objetivo principal.
O empreendedor social se dá por satisfeito quando há uma mudança positiva no mundo. Por exemplo, um negócio focado no meio ambiente será bem sucedido à medida que os danos à natureza forem reduzidos.
Além da venda de produtos e do oferecimento de serviços, o empreendedorismo social pode captar recursos governamentais e da iniciativa privada.
Serviço Social
Quando falamos de assistência social, estamos falando de uma mudança significativa na sociedade, não de lucro. Por isso, essa categoria se distingue das duas anteriores, em que as competências que analisaremos à frente serão mais importantes.
Mas como isso tudo é relevante aos universitários?
Educação Empreendedora e sua utilidade ao Ensino Superior.
Em um mercado cada vez mais competitivo, em que o “alto desempenho” é desejado, é importante que os alunos tenham familiaridade com tal conhecimento e as competências que os empregadores esperam deles.
De acordo com o Sebrae, “a educação empreendedora desenvolve competências integradas à construção de projetos de vida”.
É claro que nem todos os alunos serão empreendedores — nem precisam ser, no sentido estrito do termo. Mas é importante que os cursos da sua instituição consigam formar cidadãos críticos, capazes de criar e inovar para resolver problemas sociais e individuais.
Um levantamento feito em 2016 pelo Sebrae, em parceria com a Endeavor, mostrou que, enquanto 65% dos professores estavam satisfeitos com as iniciativas da educação orientadas ao empreendedorismo, apenas 36% dos alunos compartilhavam o sentimento.
Então alguns problemas foram apontados:
- desconexão da universidade para com o mercado;
- a falta de acompanhamento da universidade com a jornada do empreendedor e
- falta de estímulo ao empreendedorismo.
É claro que não devemos vender sonhos, como alguns fazem ao falar de empreendedorismo de uma maneira desconectada da realidade. Mas é necessário que os estudantes aprendam as competências básicas e possam trilhar seu próprio caminho de acordo com seus interesses e oportunidades.
Então fica a pergunta:
Quais são as características de um empreendedor?
A BNCC elenca algumas características necessárias a quem deseja empreender. Sendo assim, é importante que em sua instituição, os estudantes tenham plena consciência de que o mercado exige que eles desenvolvam tais características.
- Motivação. Somos seres movidos por desejos e sonhos. Por isso, precisamos saber motivar a nós mesmos para alcançar nossas aspirações.
- Realização. O senso de realização é o que move um indivíduo: o desejo de ver um projeto concluído.
- Independência. Nunca seremos independentes por completo, mas precisamos desenvolver a habilidade de agir por nós mesmos, de acordo com o que planejamos.
- Autoconfiança. Essa característica nos capacita para confiar em nossos projetos, sabendo que somos capazes de desenvolver as competências necessárias para executá-los.
- Cognição. Essa é a engrenagem do empreendedorismo: é com a cognição que adquirimos novos conhecimentos, que serão determinantes para essa jornada.
- Capacidade de gerar soluções. De que forma isso é feito? A BNCC fala do desenvolvimento a partir de decisões internas ou reforços externos (Lócus de Controle). Ou seja, é necessário assumir a responsabilidade.
- Carisma. Essa característica, que é mais abstrata, trata de uma admiração nutrida pelas pessoas. Quando um estudante de Direito se forma, por exemplo, é necessário que ele tenha uma boa reputação e nutra a admiração das pessoas, que confiarão em seu trabalho e em seus negócios. Trata-se de carisma.
- Disciplina. Adicionamos essa habilidade, que não consta no BNCC, para falar da importância de ser consistentes. Enquanto alguns falam em “sair da zona de conforto”, estamos falando de ter a disciplina necessária para trabalhar em prol de um objetivo todos os dias, de forma que você consiga construir essa “zona de conforto”.
Como ensinar empreendedorismo? Um caso de sucesso.
A Junior Achievement, fundada em 1919 nos EUA, é uma das mais sólidas organizações focadas em educação de negócios e empreendedorismo, com unidades distribuídas pelo mundo.
No Brasil, relata-se que o trabalho em 2011 envolveu cerca de 100 mil voluntários, beneficiando 2,6 milhões de alunos com seus programas educativos orientados ao empreendedorismo.
De que forma isso é feito? O Observatório Internacional Sebrae nos diz:
- Oferta de programas customizados de educação empreendedora para alunos de 6 a 25 anos, de escolas públicas e privadas;
- Estabelecimento de parcerias com pequenas, médias e grandes empresas para a execução dos programas;
- Operacionalização com o apoio de voluntários dispostos a compartilhar suas experiências e conhecimentos.
Quer conhecer mais metodologias que facilitem a transmissão desse aprendizado? Leia nossa série sobre metodologias ativas:
Série Metodologias Ativas: entenda o que são e como funcionam.
Série Metodologias Ativas: ensino híbrido.
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