Homeschooling e o impacto no ensino superior.

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O Homeschooling, nos últimos anos, foi alvo de muitos debates e polêmicas. Em junho de 2021, um projeto de lei descriminalizando o ensino em casa foi aprovado na Câmara dos Deputados. Por isso, agora tramita um novo PL que visa regulamentar a prática.

Muitos são os aspectos considerados na aprovação ou desaprovação de um projeto como esse. No entanto, aqui focaremos em tirar algumas dúvidas que podem surgir e dizer qual é o impacto que isso terá no ensino superior.

Homeschooling é muito diferente de EAD.

Em primeiro lugar, é importante diferenciar o homeschooling do ensino à distância. Por mais que possa haver confusão, já que os alunos de ambas as modalidades aprendem em casa, os métodos de ensino são muito diferentes.

A educação à distância, também conhecida como EAD, é uma forma de ensino que se apoia na tecnologia para transmitir conhecimento sem que o aluno precise frequentar uma sala de aula.

Por mais que soe como algo novo, com os softwares de ensino que temos atualmente, a modalidade existe há muito mais tempo.

No século XVII, ocorria por meio de cartas, que era a tecnologia disponível; em seguida, na virada do milênio, ocorria por intermédio de e-mails. E, hoje, temos plataformas digitais dedicadas ao ensino, com diversas áreas integradas para estudantes e docentes.

Ou seja, o ensino à distância existe há muitos séculos e o que vemos hoje é uma verdadeira revolução na forma como ele é praticado. Ainda assim, não é porque você está aprendendo no conforto da sua casa que você esteja recebendo homeschooling.

Leia mais: melhore seu EAD com um ambiente virtual de aprendizagem.

O que é homeschooling, afinal de contas?

School, em inglês, significa escola. Home, no mesmo idioma, significa lar. Mas os dois termos juntos dizem respeito a um ensino doméstico em que pais, professores ou outros responsáveis ensinam uma criança no conforto do lar.

Em outras palavras, a instituição sai de cena, entrando uma figura central que dá atenção individual ao aluno.

Portanto, podemos dizer que o homeschooling existe há muito mais tempo, afinal, antes das instituições existirem, o conhecimento era passado de pais para filhos.

Assim, quando alguém diz ser contra o ensino doméstico, não está falando da educação à distância feita por algumas faculdades, muito menos da forma provisória e emergencial adotada pelas instituições de ensino na pandemia. Está falando sobre pais ou tutores que dão aulas particulares para crianças e adolescentes, substituindo a presença em uma escola.

Qual é o debate envolvendo esta metodologia de ensino?

As problemáticas são inúmeras. Veja quais são as principais:

  • Crianças precisam saber viver em sociedade. Segundo Jean Piaget, psicólogo e renomado estudioso do desenvolvimento infantil, as crianças se desenvolvem em quatro estágios, sendo necessário que cada indivíduo aprenda a socializar com outros e lidar com conflitos de interesses. Quando você priva a criança de uma instituição de ensino, em que há o coletivo, você está tirando uma parte importante do desenvolvimento dela que não pode ser substituída. Mais tarde, quando ela entrar no mercado de trabalho, será difícil conviver com outros, pois esse aprendizado terá vindo tarde.
  • Crianças precisam da sociedade também como rede de apoio para serem protegidas de abusos. Nas escolas, há professores e orientadores pedagógicos que apoiam a criança quando percebem que ela sofre algum tipo de abuso dos pais. Se a criança é criada isolada da sociedade, essa rede de apoio não existe.
  • Os papéis de pais e professores se confundem no homeschooling.
  • Precisamos de conhecimento coletivo. O objetivo das instituições é garantir que todos os cidadãos tenham acesso a determinados conhecimentos e visões de mundo. Se em uma instituição você conviverá com alunos e professores de diferentes culturas, religiões e opiniões políticas, em sua casa você receberá o ensinamento de apenas uma visão de mundo: a do tutor.

E, nesta altura, chegamos ao nosso ponto:

O impacto do homeschooling no ensino superior.

Você já deve ter se deparado com um momento em que alguém demonstra um conhecimento que você não possui, como, por exemplo, alguma fórmula matemática.

Você pergunta: “Onde você aprendeu isso?”

E a pessoa responde: “Uai, no ensino fundamental.”

Perceba como mesmo que todos tenhamos frequentado instituições de ensino, ainda assim há pontos cegos em nosso desenvolvimento intelectual. Isso ocorre por inúmeros fatores que podemos abordar em um texto à parte.

Mas imagine como fica o cenário da educação se cada aluno tiver um professor, com diferentes formas de lecionar e distintas visões de mundo. Dessa forma, esses alunos terão muita dificuldade em se adequar ao Ensino Superior, em que precisarão se adequar a uma homogeneidade, e ao mercado de trabalho, onde se depararão com cosmovisões e personalidades muito diferentes daquelas aprendidas no conforto do lar.

Leia mais: série metodologias ativas: entenda o que são e como funcionam.

Como a nova legislação lida com tais críticas?

No Brasil, o ensino é obrigatório para todo indivíduo entre os 4 e os 17 anos. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), bem como o Código Civil Brasileiro, dizem que cabe aos responsáveis legais da criança garantir que ela seja ensinada, o que só podia ser feito em uma escola.

A nova legislação permite que os tutores não levem as crianças e adolescentes para a escola, desde que haja ensino domiciliar. No entanto, esse ensino deve seguir uma série de condições.

Quais? Veja algumas:

  • Cada aluno deve ser matriculado em uma escola regular, que fará a supervisão e o acompanhamento dos alunos.
  • Devem ser elaborados relatórios bimestrais.
  • O Conselho Tutelar deve realizar inspeções no local em que a criança aprende.
  • Haverão encontros semestrais na escola com a presença dos tutores.
  • Pelo menos um dos responsáveis legais pela criança precisa ter um diploma de ensino superior.

Essas condições, entre outras, geraram mais e mais críticas. Alguns dizem que elas buscam inviabilizar o Homeschooling; outros dizem que elas têm como intenção garantir que os alunos sejam amparados e recebam o que há de melhor no ensino.

O que você acha? Acredita que haverá grande impacto da implementação do Homeschooling quando essas crianças chegarem ao ensino superior?

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